Opinião

28/09/2018 Cassinos: a roleta está rodando ao contrário

Foto: Pixabay
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A liberação dos jogos de azar, de que falamos há poucos dias a propósito do futuro dessa indústria por nascer em Minas Gerais, tem muitas hipóteses de avançar. Independente de você ser contra ou a favor, existem sinais importantes de que algo está mudando na sociedade brasileira.

Não é a questão de qualquer brasileiro poder acessar o netbet.com e outros sites de cassino online, jogando a dinheiro através da internet e sem ir contra a lei (como explicamos também, por esses cassinos estarem fora do país). Isso é consequência da evolução tecnológica, e claro que ajuda a mudar opiniões sobre o tema, mas não levaria a uma mudança.

Uma enquete do Paraná Pesquisas, realizada já em 2018, falando que as opiniões dos brasileiros nesse tema estão 50-50. Certo que isso indica o fim do consenso tradicional que vê o jogo como inaceitável, mas também não é disso que estamos falando.

Os sinais importantes vêm da área política que deveria estar responsável por defender a proibição dos jogos de azar. Personagens importantes estão tendo segundos pensamentos sobre isso.

Posições curiosas de dois políticos conservadores
Já tínhamos falado há alguns dias do caso de Marcelo Crivella, o prefeito carioca que está tendo reuniões com o empresário de cassinos Sheldon Adelson. Referimos que é o maior empresário do mundo nessa área, mas talvez não tenhamos falado disso o suficiente. De acordo com a revista Forbes (uma das mais renomadas publicações na área da economia e negócios, a nível mundial), ele é um dos 25 homens mais ricos do mundo.

Quando você tem um cara como Sheldon Adelson batendo a sua porta, só tem duas opções a tomar. Ou abre e negocia, porque o que ele tem para oferecer é irresistível, ou recusa qualquer diálogo porque ele é o chefe de todos os bandidos do vício, o mais alto e importante dos demônios. Porque ele representa tudo o que é pecado, vício social e perigo para os valores da família.

Crivella seguiu a primeira opção. Não vale a pena ficar dizendo que é para falar de “investimento imobiliário”, como ele declarou à mídia, porque o investimento de Adelson não é igual a qualquer outro. Para quem considera o jogo como um incentivo ao desenvolvimento econômico e do turismo, é certamente uma boa notícia. Para quem defende um princípio de valores, seguramente a decisão do prefeito da Universal foi uma desilusão.

A “saída” de Bolsonaro
Além de Crivella, também Bolsonaro não assumiu a defesa dos valores tradicionais quando lhe foi perguntada sua opinião sobre essa matéria. Em declarações à mídia já em 2018, em plena campanha e quando suas opiniões fortes já motivavam apoiantes e aterrorizavam seus opositores, Bolsonaro teve uma declaração surpresa: “por princípio sou contra [a liberação dos cassinos], mas vamos ver qual a melhor saída”.

O candidato podia ter acrescentado essa a todas suas outras bandeiras. Jair é o homem que vem para perseguir o crime, combater a corrupção, tomar medidas duras e proteger a família. Como é possível ter outra saída que não seja mão pesada para todos os que se atrevam a desobedecer à lei?

Será que Bolsonaro, em seu íntimo, já acredita que os jogos de cassino podem ser uma atividade econômica como outra qualquer? Que o Brasil poderá, como todos seus vizinhos, criar uma estrutura de leis, regras e polícias para vigiar abusos à lei que for criada? Que isso até poderá ser algo de bom para a economia?
 

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